Usualmente, sim. Ao menos é o que vinha ocorrendo ininterruptamente desde 1945. Como quase todas as outras áreas, a exceção foi o concurso referente ao ano de 2020, que ocorre apenas agora em função da pandemia de COVID-19. Mas a periodicidade anual deve retornar seu curso de agora em diante.

Alexandre Alvim

Eles são publicados na página do Instituto Rio Branco: clique aqui para acessar. 

Olha, minha mãe costumava dizer que a gente começa a vencer um concurso na leitura do edital e eu acho que é por aí mesmo. Se você tem preguiça de encarar o básico, que é ler da fonte primária qual é o conteúdo cobrado na prova, quais são os requisitos para investidura no cargo etc, talvez seja melhor nem tentar…

Clarissa Machado

As matérias cobradas no concurso são 1) na primeira etapa objetiva e eliminatória, por ordem de peso: Política Internacional (12 questões), História Mundial e do Brasil (11 questões cada), Língua Portuguesa (10), Língua Inglesa e Economia (8), Direito Interno e Internacional e Geografia (6).

Na segunda fase do último concurso, de caráter eliminatório e classificatório, foram aplicadas provas discursivas de Línguas Portuguesa e Inglesa, em que se cobram competências linguísticas como a redação de textos dissertativos, resumos, de textos interpretativos e, no caso exclusivo de Língua Inglesa, a tradução do inglês para o português e do português para o inglês.

A última etapa exige a elaboração de textos analíticos que demonstrem o domínio do conteúdo de Política Internacional, Geografia, Direito Interno e Internacional, Economia e História do Brasil, cada uma valendo 100 pontos, além da capacidade de produzir um resumo e uma versão em espanhol e outra em francês de textos em português. As provas de Língua Espanhola e Francesa valem 50 pontos cada.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

O processo seletivo é dividido em três fases. Na primeira, que também é conhecida como TPS (Teste de Pré-Seleção), os estudantes realizam 73 questões objetivas, que valem um ponto cada uma. Cada questão é constituída de quatro assertivas de 0,25 ponto, e o candidato deve marcar “Certo” (C) ou “Errado” (E) para cada uma delas. Atualmente, para cada erro o candidato é penalizado em 0,125 ponto. São oito matérias diferentes, com a seguinte divisão de número de questões: 

12 perguntas na prova de Política Internacional; 

11 nas provas de História do Brasil e História Mundial; 

10 questões de Língua Portuguesa;

9 de Língua Inglesa;

8 de Economia;

6 de Direito e de Geografia.

Após o fim da fase objetiva, os candidatos aprovados dentro do número de vagas disponíveis (que varia a cada ano) possuem suas notas zeradas para o começo das fases dissertativas. 

A Segunda Fase é composta de provas de Língua Inglesa e de Língua Portuguesa. Cada uma das provas vale 100 pontos, e a prova de português é dividida em: redação sobre tema geral, com extensão entre 65 a 70 linhas e com valor de 60 pontos; resumo de um texto, com tamanho estimado entre 35-50% do texto a ser resumido e que vale 20 pontos; e de um exercício de interpretação, análise ou comentário de textos, com o mesmo valor do resumo.

Já a prova de inglês consiste em: redação sobre tema geral, entre 45-50 linhas, com valor de 50 pontos; tradução de um texto do inglês para o português (15 pontos); versão de um texto do português para o inglês (20 pontos); e resumo com tamanho estimado entre 35-50% do texto a ser resumido (15 pontos). 

Na terceira e última fase, os candidatos realizarão provas de História do Brasil, Geografia, Política Internacional, Economia, Direito, Língua Espanhola e Língua Francesa. As provas de História do Brasil e Política Internacional possuem: duas questões discursivas de até 90 linhas e valor de 30 pontos, cada; e duas questões discursivas respondidas em até 60 linhas e valor de 20 pontos, cada. 

As provas de Economia, Geografia e Direito também possuem quatro questões, mas as duas atividades que valem 30 pontos possuem limite de 60 linhas, enquanto as duas questões discursivas de 20 pontos estão limitadas a 40 linhas. 

Por fim, a prova de Espanhol e de Francês vale, conjuntamente, 100 pontos, sendo cinquenta para cada uma das matérias. Em cada língua são cobradas duas atividades, com valor de 25 pontos para cada uma. A primeira tarefa é um resumo, na respectiva língua estrangeira, a partir de texto nessa mesma língua, com extensão entre 35-50% do texto original. Já a segunda atividade é uma versão de um texto do português para a respectiva língua estrangeira.

Ao término das provas, os candidatos avançados costumam afirmar que há a “quarta fase”, referindo-se ao momento de se realizar recursos para a banca examinadora. Normalmente, todo o processo seletivo, desde a abertura oficial do edital até a lista final dos aprovados demora em torno de quatro, cinco meses.

O concurso de diplomata é um teste de competências linguísiticas e um exercício de convencimento, dada a natureza discursivo-argumentativa das etapas subjetivas. Um erro comum do aspirante à carreira é pensar que é um mero teste de conhecimento do conteúdo das matérias.

O domínio do conteúdo das matérias é imprescindível, mas nunca, por si só, aprovou qualquer candidato. Fracassa o aspirante que apenas se dedica a consumir informações e dados, relegando o desenvolvimento das capacidades de escrever de acordo com a norma culta dos idiomas; de tratar os temas de maneira articulada, bem estruturada e interessante; de abordar os assuntos cobrados de maneira sóbria, imparcial, com propriedade do vocabulário técnico da matéria.

Isso não significa que se deve menosprezar o conhecimento da matéria e dedicar-se à prática da retórica vazia, sem conteúdo. Conhecer os assuntos é requisito para a aprovação, mas é apenas uma variável de uma equação mais complexa.

Posso dizer ainda que os diferentes grupos de matérias exigem abordagens diferentes: os idiomas, por exemplo, requerem que o candidato procure evitar os erros, já que eles são penalizados em uma razão maior do que os acertos são pontuados. São provas defensivas. As matérias de conteúdo, por sua vez, pedem que se atendam os critérios de avaliação cobrados no próprio enunciado das questões. Fugir deles, por mais que se demonstre conhecer o tema nos outros quesitos, é abrir mão de pontos valiosos na questão.

Em resumo, estar preparado para o CACD exige uma combinação entre escrever bem e saber se expressar — em alto grau intelectual, acadêmico e formal — sobre os assuntos cobrados.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Isso tem variado de ano a ano. Em 2014 foram 18 vagas, o que rendeu aos aprovados daquela turma o epíteto de "18 do forte". Nos últimos anos, tem sido algo em torno de 30 vagas.

Clarissa Machado

Em minha opinião, o edital não diz explicitamente que a prova é um exercício de convencimento, de persuasão e argumentação. Não poderia ser diferente: em qualquer estrutura hierárquica ou sistema em que há competividade envolvida, o topo será dominado pelos indivíduos que exercem melhor o poder de influenciar aqueles de quem depende sua ascensão. Essa influência cria raízes por meio da comunicação, qual seja o canal em que se dê.

No CACD, especificamente, essa comunicação com os decisores se dá pela escrita e é tão mais eficiente quanto mais você consegue demonstrar — de forma persuasiva — sua capacidade de expressão, articulação e domínio do conteúdo.

Quando se propõe que existe uma supremacia do conteúdo sobre a forma (ou vice-versa, até), contraria-se a própria natureza da evolução do conhecimento humano, construído e passado adiante de geração para geração a partir de histórias, lendas, narrativas, ideias e discursos.

Tudo isso é comunicação, persuasão. Não é à toa que se acredita em deuses e demônios e que imperadores e faraós fossem cultuados como divindades. Impérios e civilizações foram erigidas e obliteradas com base nessa noção. Difícil, portanto, ignorar o poder da narrativa.

Quem vende conteúdo sempre defenderá que o conhecimento é poder, quando na verdade, faria mais sentido dizer convencimento é poder. Esse embate entre forma e conteúdo, embora interessante, é, portanto, estéril e nada agregará ao seu enriquecimento intelectual — e menos ainda à sua preparação para um desafio que tão bem incorpora os princípios da comunicação humana como o concurso de diplomata.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Na primeira etapa, são cobradas a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa, por meio de questões de compreensão e interpretação de textos e de conhecimento da gramática normativa.

A segunda etapa traz novamente provas desses dois idiomas, agora, contudo, com questões de natureza discursiva. Cobra-se, em Língua Portuguesa, uma redação, um exercício de interpretação textual e um resumo de um texto. Em Língua Inglesa, o candidato deve redigir uma redação, um resumo e duas traduções, sendo uma de português para inglês e outra do inglês para o português.

Na terceira fase, as provas de Língua Espanhola e de Língua Francesa avaliam a capacidade do candidato de redigir um resumo de um texto e uma versão de um texto escrito em português para o francês e espanhol.

Vale dizer que em todas as fases exige-se, de maneira subjacente, o conhecimento da gramática normativa e de um vocabulário rico em todos os idiomas, sem o que seria impossível dar conta da complexidade dos exercícios de prova.

Por fim, perceba que em nenhuma das fases é cobrada a fluência oral nas modalidades de fala e compreensão. Não há prova oral ou de escuta, o que tem implicações metodológicas extremamente relevantes: aproveita melhor o tempo o candidato que se dedica a atividades que desenvolvem as competências específicas cobradas em prova, que não é o caso das habilidades orais. Fica a dica...

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Ser brasileira(o) nata(o); estar no gozo dos direitos políticos; estar em dia com as obrigações do Serviço Militar, para os candidatos do sexo masculino; estar em dia com as obrigações eleitorais; apresentar diploma de conclusão de curso de graduação de nível superior, emitido por instituição de ensino credenciada pelo Ministério da Educação (MEC) (no caso de a graduação em instituição estrangeira, a(o) candidata(o) deverá apresentar, até a data da posse, a revalidação do diploma exigida pelo MEC); idade mínima de 18 anos; apresentar aptidão física e psicológica para o exercício das atribuições do cargo, verificada por meio de exames pré-admissionais; e é claro, ter sido aprovada(o) no concurso.

Clarissa Machado

Encare os recursos como a quinta fase e não seja tola(o) como eu fui. Peça recursos em TUDO, não apenas no que não foi bem! Eu vi nota de colegas na prova de geografia aumentarem de 20/30 para 30/30 em uma certa questão! Não pedi recurso nela porque tinha tirado 25/30 e achei que estava bom, mas cinco pontos adicionais valem muito a pena! Nada de preguiça ou vergonha de pedir nessa hora, quem não chora nota não leva pontos adicionais!

Clarissa Machado

Com certeza, os idiomas, por várias razões. Vou citar apenas as mais fortes:

1) Quase sempre, os candidatos estudam os idiomas de maneira inadequada para lidar com a natureza da prova. Em geral, fazem cursos de conversação e contam com suas habilidades orais para tirar boa nota nas línguas. A prova, contudo, exige competências linguísticas muito específicas, das quais não fazem parte a fluência oral e de compreensão auditiva. O que se cobra, de fato, é a gramática, a leitura, um amplo vocabulário e a desenvoltura na escrita de textos dissertativos, resumos e traduções;

2) As competências linguísticas são cobradas de maneira subjacente nas matérias de conteúdo, como Política Internacional, Economia, etc. Um texto mal escrito ou mal estruturado certamente não impressionará o examinador, não importa o volume de informações e dados que o candidato tenha vomitado na prova.

3) Veja a competência do resumo, por exemplo: se somarmos os pontos referentes ao exercício de resumo das quatro provas de idiomas, teremos 85 pontos que podem ser conquistados por um candidato que saiba resumir bem! Ou seja, uma competência linguística isolada pode valer quase tantos pontos quanto uma matéria inteira de conteúdo!

4) Outra razão importante é que normalmente todos tivemos contato com o inglês no colégio, tendo, no mínimo, uma noção das estruturas básicas do idioma, que, além de tudo, está sempre presente na vida de quem se interessa por diplomacia. O mesmo não ocorre com o francês. Quase sempre, o primeiro contato que temos com o francês é quando decidimos justamente nos preparar para o CACD. O espanhol tem, por outro lado, sua particularidade: é idioma mais fácil de ser mal falado. Devido ao fato de soar fácil para nós brasileiros, o castelhano termina sendo subestimado e deixado por último, o que é um erro, pois sua prova também é defensiva. O uso do portunhol será, portanto, penalizado sem misericórdia.

Por último, 5) costumam-se levar anos para ter desenvoltura nos idiomas, já que seus programas não podem ser encapsulado no edital, diferentemente das matérias de conteúdo: não há lista de palavras que você deve saber ou relação das regras de gramática que deve saber aplicar. Os idiomas se estudam, portanto, até passar, e não até concluir o curso.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Sim, desde que seja reconhecido como diploma de graduação pelo MEC (Ministério da Educação).

Os manuais do candidato foram elaborados para democratizar o acesso a um conteúdo razoavelmente extenso que poderia ser objetvo de prova. Nenhum deles, por melhor que seja, infelizmente, dá conta de abarcar os temas tratados com a profundidade que a prova exige.

Os manuais acabam sendo, no fim das contas, um instrumento valioso de revisão e complementação dos estudos, ou até um material básico de introdução aos temas. Jamais substituirão a leitura de outras fontes bibliográficas geralmente recomendadas pelo cursos e professores especializados.

Além do mais, alguns dos manuais, como o de Línguas Inglesa e Francesa e os de Economia e História do Brasil, por exemplo, são mais completos e úteis que os demais.

Para facilitar sua vida, disponibilizamos para download todos os manuais do candidato mais recentes publicados pela FUNAG. Baixe-os no botão a seguir e receba dicas de como usá-los da maneira mais produtiva em seus estudos.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

ACESSAR MANUAIS

A seleção bibliográfica ideal varia de diplomata para diplomata. Ou melhor, de candidato para candidato. Cada futuro colega a quem você dirigir esta pergunta trará uma lista diferente.

Sem me eximir, portanto, da responsabilidade, cito, a seguir, relação, longe de ser exaustiva, com alguns dos livros que eu não deixaria de incluir em meu plano de estudos:

História do Brasil

• História do Brasil (Boris Fausto);
• História Geral do Brasil (Maria Yedda Linhares);
• História da Política Exterior do Brasil (Cervo & Bueno);
• A Diplomacia na Construção do Brasil (Rubens Ricupero);
• Coleção História do Brasil Nação (Lilia Schwarcz).

História Mundial e Política Internacional

• História da Civilização Ocidental, vol. 2 (Edward Burns);
• Modern World History ();
• História das Relações Internacionais Contemporâneas (Sombra Saraiva);
• História das Relações Internacionais do Brasil (Doratioto & Vidigal);
• Teoria das Relações Internacionais (Messari).

Geografia

• O Brasil: território e sociedade no início do século XXI (Milton Santos & Maria Laura Silveira);
• Conexões: estudos de Geografia Geral e do Brasil (Lygia Terra);
• O Corpo da Pátria (Demétrio Magnoli);
• Geografia: Pequena História Crítica (Antonio Carlos Robert de Moraes);
• Geografia: Conceitos e Temas (Iná Elias de Castro).

Direito Internacional e Interno

• Direito Internacional Público e Privado (Paulo Henrique Portela);
• Direito Constitucional Esquematizado (Pedro Lenza);
• Direito Administrativo Descomplicado (Marcelo Alexandrino).

Economia

• Introdução à Economia (Gregory Mankiw);
• Economia Brasileira Contemporânea (Amaury Patrick Gremaud);
• A Ordem do Progresso (Marcelo de Paiva Abreu);
• Economia Internacional (Paul Krugman);
• Manual de Economia (professores da USP), com ressalvas.

Língua Portuguesa

• Comunicação em Prosa Moderna (Othon Garcia);
• História Concisa da Literatura Brasileira (Alfredo Bosi);
• Um Banquete no Trópico, volumes 1 e 2 (Lourenço Dantas);
• Moderna Gramática Portuguesa (Bechara);
• Gramática para Concursos (Marcelo Rosenthal).

Língua Inglesa

• How English Works (Michael Swan), gramática para intermediários;
• Essencial Grammar in Use (Raymond Murphy), gramática para iniciantes;
• Advanced Learners's Grammar (Mark Foley), gramática para avançados;
• The Candidate's Handbook (Sara Walker);
• The Elements of Style (William Strunk).

Língua Espanhola

• Gramática Básica del Estudiante de Espanhol (Rosario Alonso).

Língua Francesa

• Grammaire Progressive du Français (de acordo com seu nível). 

Na minha perspectiva, não vale. Recomendo a leitura de manuais concisos sobre a história da literatura brasileira e livros que sintetizam reflexões sobre a identidade nacional brasileira.

Jonas Marinho

Os guias de estudos são compilações das melhores e piores respostas a cada questão de prova discursiva, elaboradas pelos próprios candidatos aprovados. São uma ferramenta valiosa para aprender com os acertos e com os erros de quem de fato passou na prova.

Eles são muito úteis sobretudo no momento de sua preparação em que você está treinando para as fases discursivas. Você pode, por exemplo, comparar suas próprias respostas com aquelas dadas pelos aprovados para ter uma noção do seu nível de competitividade em cada tema.

Você pode baixar, clicando no botão abaixo, todos os guias dos anos anteriores.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

ACESSAR GUIAS

Nunca me canso de repetir: o candidato que quer ser competitivo em uma prova futura deve ter sua preparação orientada para lidar com qualquer tipo de questão que já tenha sido tratada no passado, já que é impossível prever o que será de fato cobrado.

Ainda nessa linha, o examinador, durante o processo de elaboração das provas, baseia-se no extenso banco de questões passadas para produzir uma avaliação que seja minimamente coerente com o histórico do certame.

Sendo assim, o banco de questões anteriores é uma ferramenta poderosíssima na busca pela competitividade na prova e todo candidato deveria incluir uma maratona de resolução de questões anteriores nos meses que antecedem as provas.

Para ter acesso a todas as provas dos anos anteriores, acesse a página de downloads da Ubique pelo botão abaixo.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

ACESSAR PROVAS

Olha, uma resposta racional seria "Política Internacional", afinal, é um curso que dá uma introdução sobre os temas cobrados no concurso. Mas o fato é que a formação não é um fator determinante - na minha turma de Rio Branco, eram 15 advogada(o)s e 4 ou 5 internacionalistas. Também estudei com engenheira, médico, farmacêutica etc.

Clarissa Machado

Impossível responder. Isso depende do seu background (área de formação, conhecimento prévio dos idiomas), dos seus recursos para preparação (tempo e dinheiro) e, finalmente, da seriedade com que você leva essa projeto. O último item para mim é o mais importante. Não adianta frequentar cursinhos caros e ter dez horas por dia à disposição se você não consegue se concentrar de verdade quando está estudando.

Clarissa Machado

Ambos são métodos bem comuns de organizar o planejamento, vantagens e desvantagens.

O estudo concomitante de todas as matérias, para o candidato iniciante, traz três principais inconvenientes, quase sempre incontornáveis: a lenta sensação de avanço no conteúdo, a imprevisibilidade de quando se terá visto todo o conteúdo e a compaginação de materias em que há uma subordinação cronológica entre si (por exemplo, estudar PI sem ter dominado História Mundial antes). Por outro lado, os candidatos que já deram conta dos estudos de todo o edital podem tirar bom proveito desse método, sobretudo próximos à prova, de maneira a garantir que nenhuma matéria fique de fora da agenda semanal de estudos.

O estudo periodizado, por sua vez, concentra os estudos de apenas um grupo de matérias por um determinado número de meses. Passado o período, trocam-se as matérias. Um mesociclo de estudos de 3 ou 4 meses comum para o iniciante incluiria os idiomas, HB, HM e talvez Geografia ou PI, em alguns casos. Um segundo mesociclo traria as matérias de PI, Geografia, manteria os idiomas e introduziria noções de Direito Interno. Durante esse segundo ciclo, faz-se apenas a revisão do conteúdo das matérias do ciclo anterior. Um terceiro ciclo concluiria o conteúdo do edital com a inclusão de Direito Internacional, Economia e História da Política Externa do Brasil.

Uma preocupação para ter em mente para quem adota o estudo por ciclos é evitar a tentação de avançar muito no conteúdo das matérias de maneira que não aloque tempo suficiente para as revisões periódicas das matérias do ciclo anterior.

De maneira quase taxativa, eu diria que o método do estudo concomitante funciona melhor para alunos avançados e em períodos próximos da prova, enquanto o estudo por ciclos é excepcional para a organização de longo prazo.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

A pergunta é excelente e você quase sempre ouvirá taxativamente que a resposta certa é uma opção ou a outra. Eu discordo.

A decisão de ler livros inteiros ou de fazer a seleção de leituras por capítulos de fontes diferentes sobre o mesmo tema vai depender do objetivo pedagógico, que, por sua vez, deve ser adequado ao seu momento da preparação. Dependem, ainda, de cada fonte bibliográfica específica. Alguns livros cobrem todo o assunto da prova de maneira panorâmica e merecem ser lidos em sua totalidade.

O método de ler os livros inteiros faz muito sentido em momentos de acúmulo de conteúdo, isto é, quando você tem que adquirir conhecimentos gerais e noções de toda a matéria. Normalmente, em momentos distantes da prova.

O estudo por seleção de capítulos produz melhores resultados 1) quando aplicado àqueles assuntos acerca dos quais há carência de fontes bibliográficas completas, por serem mais específicos; 2) em momentos de aprofundamento dos estudos de um tema específico, em que o candidato combina várias fontes (capítulos) que tratam do mesmo tema, formando uma síntesa e 3) para atacar lacunas de conhecimentos no tema do capítulo, identificadas por meio da realização de simulados ou de outros instrumentos de avaliação de seu nível de domínio de cada ponto do edital, como uma plataforma de simulados inteligente ou até a simples análise de um simulado realizado.

O candidato inteligente não abrirá mão das vantagens de usar ambos os métodos, cada um no momento em que produz seu melhor efeito.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Eu começaria por aquelas que você vai levar mais tempo para dominar, seja por uma deficiência ou bloqueio que você sinta, seja pela quantidade de conteúdo a ser superado, e por aquelas que são a base para a compreensão de outras.

Em geral, essas matérias são os idiomas, inclusive o português, e História do Brasil. Eu incluiria, ainda, em um primeiro ciclo, a História Mundial, tanto pelo vasto volume de conteúdo quanto pelo fato de a Política Internacional tê-la como base.

Não tenha medo de estudar os quatro idiomas ao mesmo tempo, desde o início: a confusão do começo tende a desaparecer, e você verá que aprender um idioma acaba facilitando a assimilação de outros.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Proponho o seguinte exercício: baixe aqui a prova discursiva de Política Internacional de 2021 e analise o enunciado das questões. Você facilmente concluirá que nenhuma das questões de prova poderia ser respondida baseada em notícias de jornais e revistas publicadas no último ano.

A prova de Geografia, por sua vez, embora tradicionalmente também aborde temas que são objeto de noticiários e periódicos, exige uma conhecimento técnico-formal que escapa da linguagem jornalística.0

O fato de a diplomacia ser uma carreira internacional passa ao candidato desavisado a falsa sensação de que o domínio das atualidades é o conteúdo mais relevante a ser perseguido e acaba, por isso, dedicando um tempo proporcionalmente alto à leitura de periódicos de atualidades em relação ao peso real desse tipo de conteúdo na prova.

As provas de PI e GEO não são um teste de conhecimento de atualidades. Pelo contrário: elas exigem um tratamento intelectual e acadêmico fundamentado na história mundial, um conhecimento de mundo e um raciocínio analítico que vão muito além do conhecimento de fatos. Exigirão, portanto, o estudo de material especializado, como artigos e sites dedicados a cada tema previsto no conteúdo programático.

Nesse sentido, acompanhar os comunicados oficiais e discursos de autoridades brasileiras, bem como planos e programas de governo e de órgãos governamentais, cumprem muito melhor o objetivo de aprender sobre o discurso e as posições oficiais do Brasil em matérias internacionais. Essas são as "atualidades" reais para o aspirante a diplomata.

Isso não quer dizer, entretanto, que você deva prescindir da leitura de jornais e revistas. Dedique a essa atividade um tempo que seja proporcional à sua importância no concurso. Um erro tremendo (e não incomum) é passar tanto quanto ou mais tempo nas notícias do que nos idiomas, que têm peso esmagadoramente maior que o conhecimento de fatos recentes. Aplique, nesse caso, o princípio da proporcionalidade.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Excelente pergunta. Veja que a resposta seria totalmente diferente se fosse dirigida a alguém que quer aprender a falar um idioma.

A prova do CACD cobrará apenas um conjunto de competências linguísticas muito bem definido, com alguma variação entre as matérias. Elas são: a capacidade de escrever uma redação, um resumo, uma interpretação de texto, uma tradução e uma versão. Obviamente, pressupõe-se o domínio mais próximo do perfeito possível da gramática normativa dos idiomas, bem como o conhecimento de vasto vocabulário. Lembre-se de que a prova de idiomas é defensiva, ou seja, você é punido pelos erros em uma proporção maior do que é premiado por acertos. Nada, portanto, de tentar impressionar a banca com vocabulário excessivamente erudito ou texto pedante.

O princípio da especificidade, quando aplicado ao estudo dos idiomas, dita que os conteúdos gramatical e de vocabulário são assimilados de maneira mais eficiente — tendo em perspectiva o que a prova cobra — por meio da prática de atividades análogas àquelas de prova, ou seja, do treino das competências específicas. Sendo assim, tirar-se-á melhor proveito do conhecimento da gramática quando ela é usada praticada nos exercícios de versão/tradução, resumo e redação. Igualmente, aprende-se vocabulário escrevendo. As palavras novas são adquiridas por meio da leitura e da própria necessidade identificada em um momento em que você quer exprimir a ideia que elas representam, seja nas redações, seja nos resumos ou traduções.

Esse é, inclusive, o fundamento do curso de idiomas do Ubique. As aulas e atividades são voltadas para assimilar o conteúdo (gramática e vocabulário) ao mesmo tempo em que se desenvolvem as competências linguísticas específicas do concurso.

Por fim, o pior erro que o iniciante dos idiomas pode cometer é matricular-se num curso de conversação de uma das língas da prova para supostamente ter uma base antes de começar uma preparação específica para o CACD. Perderá tempo, dinheiro e abrirá mão de, desde o início da preparação, tornar-se mais competitivo nas habilidades específicas que a prova de fato cobra.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Os mapas mentais são diagramas que construimos para ajudar na visualização de tópicos organizados ao redor de um tema central, como no exemplo abaixo.

A maior utilidade dos mapas mentais, em minha opinião, é a de condensar grande volume de informação em uma pequena área, como uma folha de papel ou tela de computador, o que favorece a retenção da informação e, sobretudo, a revisão rápida do assunto.

Escrevi mais sobre o tema neste artigo da Praeterea, o blog que você já conhece.

Gravei ainda um vídeo de treinamento para a construção de um mapa mental desde o início do processo, baseado em uma aula sobre o Afeganistão, do curso de Política Internacional do Ubique. Clique aqui para assistir ao vídeo.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Há várias táticas e métodos que você pode aplicar para garantir que não vai esquecer o que estuda:

• Alocar um quantidade razoável de horas semanais, que deve ir incrementando ao longo da preparação, na revisão do conteúdo passado;
• Escolher e aplicar as técnicas de estudo que mais ajudam na retenção e resgate ativo do conteúdo estudado;
• Quebrar os estudos com períodos longos (de até três semanas) dedicados apenas a avaliações e revisão de conteúdo;
• Teste sua capacidade de resgate e reconstrução mental, oral e escrita do conteúdo de um resumo, mapa mental, fichamento ou outro instrumento de estudo. Quanto melhor você conseguir descrever os detalhes que incluiu neles, melhor terá sido o aproveitamento;
• Escreva sobre o que estudou. A escrita de textos, além de favorecere a retenção do material, desenvolvem a expressividade e a fluência no tratamento dos temas, que são competências valiosas nas fases discursivas;
• Busque formas ativas de usar o conteúdo: escreva resumos de cabeça, dê aula, treine questões objetivas ou discursivas;
• Sempre que estudar algo, tenha claro aquilo de que quer se lembrar. Parece óbvio, mas raramente definimos objetivos pedagógicos quando nos entregamos à leitura;
• Tenha momentos de accountability sempre que estudar algo. Faça a si mesmo perguntas do tipo: O que foi que aprendi de mais valioso a partir dessa leitura? Há algum ponto que merece novas revisões? Como eu resumiria o que estudei em dois minutos? Tem algo de que não aprendi nada? Como essa leitura se integra com outros estudos que realizei sobre o mesmo tema? Quais palavras novas ou maneiras de se expressar eu aprendi a partir desse estudo? 

Bruno Rolim

Depende do seu momento de preparação, do seu horizonte até a aprovação e, claro, de sua disponibilidade financeira.

Candidatos iniciantes, com pouco domínio dos idiomas (que são matérias que normalmente se demorar para dominar), terão pela frente de 3 a 6 anos de preparação, como regra geral. As melhores opções seriam 1) cursos extensivos voltados à exposição ao conteúdo programático do edital; 2) cursos de idiomas moldados nas especificidades das provas de línguas, ou seja, com foco nas competências linguísticas que são de fato cobradas; 3) um programa de mentoria individualizado (com um diplomata, claro!) com foco na montagem de um planejamento de estudos de longo prazo e aquisição de técnicas e métodos eficientes de estudos. Nesse caso, devido ao custo elevado do serviço, um programa mais curto já renderá excelentes resultados.

Candidatos intermediários, ou seja, aqueles que já quase cumpriram o conteúdo do edital mas ainda não dominam as competências discursivas da prova, se beneficiam bastante de programas de correção individualizada de questões discursivas, bem como nos cursos de aulas expositivas naquelas matérias em que percebeu ter maiores dificuldades.

O candidato avançado, ou seja, que já se considera (quase) pronto para a aprovação, dedicará mais tempo à consolidação e aprofundamento do conteúdo por meio de leituras e aulas avançadas sobre os temas de prova. Escolherá, portanto, aulas expositivas que aprofundem os conceitos trabalhados nas leituras que fez. A mentoria, no caso dos alunos avançados, teria a função de fazer os ajustes finos entre o conhecimento adquirido ao longo de toda preparação e a maneira como o candidato se expressa sobre eles, uma competência fundamental para a aprovação. A correção personalizada de exercícios discursivos é o serviço mais valioso a que se pode recorrer nesse momento da preparação.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Essa é uma decisão particular, que deve ser ponderada à luz de seu horizonte de tempo de preparação, suas preferências pessoais de estudo, a iminência ou não da prova, seu acesso a livros e o quanto você deseja voltar a manipular a mesma obra novamente.

A regra geral é: quanto menos você quiser voltar a um material relevante no futuro, maior deverá ser seu esforço de resumi-lo ou fichá-lo. Por outro lado, nem todo livro merece ser decomposto e resumido. Algumas leituras são meramente complementares e simples marcações no próprio livro já cumprem a função de destacar as principais informações de que você pretende lembrar no futuro.

Um vantagem do um resumo é que, se bem feito, você jamais precisará voltar à obra que deu origem a ele. Melhor ainda: se você montar uma apostila, ou seja, uma compilação coerente de vários resumos sobre o mesmo tema, terá tudo de que precisa para manter-se a par de todo o assunto. Quando construída ao longo de meses, bebendo de várias fontes de leitura, a apostila será a concretização de todo o conhecimento que você reuniu sobre a matéria. Outra vantagem é o pouco tempo necessário para a revisão de um resumo, diferentemente de uma releitura da obra completa.

Por outro lado, caso a prova esteja se avizinhando e você tenha a perspectiva de aprovação, a confecção de resumos, apostilas e fichamentos pode roubar um tempo valioso que seria mais bem empregado na prática das habilidades reais de prova, tais como os simulados e a resolução de questões discursivas.

Se sua preocupação maior é mapear informações que você não quer esquecer, os resumos ou fichamentos podem ser bem substituídos pelas marcações com marca-texto de diversas cores, caso seja o dono dos livros.

Bruno Rolim

Nesse momento, você terá três objetivos principais, cada um com sua complexidade:

• Estabelecer um planejamento e uma rotina de estudos estável e realista:
• Dar conta do conteúdo de maneira generalista, ou seja, buscar uma noção geral de toda a matéria antes de buscar o aprofundamento temático:
• Aplicar e consolidar os métodos e técnicas de estudo mais adequados à retenção do conteúdo e domínio das competências que são características da prova do CACD.

Do planejamento inicial, por exemplo, emanarão as primeiras fontes bibliográficas, cursos extensivos e práticas de estudos que você vai adotar no seu primeiro ciclo de planejamento. As técnicas de estudo, uma vez que você tome conhecimento delas, devem ser aplicadas e testadas por tentativa e erro mesmo. Veja quais te ajudam a reter melhor o conteúdo e, sobretudo, a resgatá-lo mentalmente, que é o que será efetivamente cobrado na prova. Preocupe-se em se aprofundar em temas específicos apenas quando tiver percorrido toda a matéria prevista no edital e de identificar, por meio de simulados, quais são os temas em que você apresenta maior carência de conhecimento.

Mantendo-se fiel a esses princípios, você andará na frente de 99% dos iniciantes que conheço.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Entende-se por avançado quem já estudou todos os tópicos do edital, produziu uma narrativa pessoal e original sobre eles e já aplicou alguns mecanismos de diagnóstico de sua competitividade para passar no certame, como simulados objetivos e discursivos, tendo obtido resultados próximos ou além das notas esperadas. Veja que independe de já ter superado alguma vez a primeira fase da prova, por mais que isso seja um benefício real, por conta da experiência adquirida.

O candidato experiente tem três desafios principais:

1. Garantir que conseguirá reproduzir na hora da prova as versões das narrativas que construiu sobre os tópicos cobrados. E isso não é tarefa simples, pois requer a habilidade específica de recordar de algo que você próprio escreveu. Há ferramentas, métodos e técnicas utilíssimos para esse fim, como os mapas mentais;
2. Internalizar, no momento certo, a pegada da prova por meio de uma maratona de questões objetivas e discursivas, reproduzindo as situações reais de prova, para garantir que não há lacunas de conhecimento e que está preparado para escrever, sem pausas, por horas a fio, durante a prova; e
3. Garantir que o conteúdo visto há bastante tempo não ficará esquecido, mantendo um programa de revisões periódicas e de leituras de aprofundamento do conteúdo dos temas.

À guisa de exemplo, citamos dois métodos de estudo pós-edital valiosos para as especificidades do CACD:

1. Ciclos de resolução de todas as questões objetivas de provas passadas. Faça todas as questões que já caíram. Registre aquelas que errou. Uma vez encerrado o ciclo, refaça apenas as que errou. Anote as que errou novamente. Faça isso até que tenha acertado (e entendido por que errou) todos os itens já cobrados;
2. Responda as questões dissertativas de provas anteriores e, além de buscar um professor para corrigi-las, compare-as com as melhores respostas dadas pelos aprovados no ano em que caíram.

Se é avançado, já deve conhecer os "guias da fauna". Busque, nesse exercício, alcançar uma versão do texto que você gostaria de apresentar aos membros da banca, caso tenha a chance. Analise como os examinadores constroem as questões. Decomponha os enunciados em fragmentos de informação que dão dicas de como a banca quer que você responda a questão. Muitos candidatos tiram notas baixas nas provas discursivas porque simplesmente não abordam tudo que é pedido. Lembre-se de que há um espelho de resposta por trás, com os tópicos que devem ser abordados na questão. Coloque-se no lugar do examinador e se pergunte como você construiria esse espelho com base no enunciado.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Devido ao alto índice candidatos/vaga, ao elevado nível intelectual cobrado no CACD, todo candidato trata de aumentar seu nível de competitividade como pode. Como resposta, surge a oferta de serviços — muitas vezes bem caros — que, quando bem aproveitados, aumentam suas chances de superar a concorrência.

Há muito, contudo, que se pode fazer para minimizar a dependência por programas pagos:

• Estude por fontes bibliográficas gratuitas. A FUNAG, por exemplo, disponibiliza centenas de obras que publicou dentro das temáticas das matérias do concurso. Além disso, várias fontes de estudos clássicas estão disponíveis gratuitamente pela internet. O site do Senado, para citar mais um, fornece material valioso em História do Brasil;
• Tire proveito dos grupos de estudos. Quando aproveitados de maneira inteligente, são ferramentas valiosas de compartilhamento de materiais (lícitos, por favor!); de divisão de tarefas (imagine um clipping de notícias em que cada membro tem a responsabilidade de acompanhar apenas determinados temas...); de incentivo e motivação coletiva; de compartilhamento de boas práticas; entre outros.;
• Aproveitar a disponibilidade de dezenas de aulas gratuitas do Grupo Ubique. Você terá acesso a mais de 20% do conteúdo de todos os cursos Ubique, inclusive dos idiomas. Depois de degustar todo esse conteúdo, avalie se vale a pena se inscrever nos programas que mais acredita que vão ajudar na sua preparação;

Acesse as aulas gratuitas!

• Vários sites de internet oferecem conteúdo gratuito. Os sites dos ministérios e órgãos do Governo, por exemplo, são fonte primária de informação para as matérias de Política Internacional e Geografia.
• No caso de correção personalizada de textos dissertativos, traduções, redações, etc., eu, caso não pudesse pagar pelos serviços especializados de um diplomata ou professor, aproveitaria a experiência de candidatos mais avançados ou até da coletividade do grupo de estudos. Sempre há, quando lemos o texto de alguém, algo que percebemos que dá para melhorar.

Uma questão fundamental é saber aplicar seu dinheiro nos serviços que produzirão os melhores resultados de acordo com seu momento de preparação. Aulas expositivas, por exemplo, cabem muito bem no início de um projeto de longo prazo. As correções personalizadas, por sua vez, geram maiores benefícios quando contratadas nas vésperas das provas.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Não há um rol exaustivo ou taxativo de periódicos. Entre as possíveis recomendações, incluiria veículos analíticos, como a Foreign Affairs e a Foreign Policy, além dos principais meios de comunicação globais, para que não haja apenas apreensão de conhecimentos e atualização a partir das notícias dos principais países, mas também prática de idiomas. Minha lista inclui os norte-americanos New York Times e Wall Street Journal, os britânicos The Guardian e The Economist, o francês Le Monde, o espanhol El País e leituras pontuais de veículos como o russo RT e o chinês China Daily.

Bruno Rolim

De jeito nenhum! Cada matéria (ou grupo de matérias) deve ser abordada de acordo com os requisitos de prova, isto é, com o formato das questões que avaliam o seu conhecimento nelas. Como você sabe, cada fase do concurso exige a demonstração de competências específicas e, portanto, não seria irrazoável pressupor que isso teria implicações metodológicas na maneira como você estuda cada matéria.

De maneira geral, podemos dividir as matérias em três grupos:

• As línguas, que exigem o domínio de competências linguísticas específicas (resumo, redação, tradução, etc.), amparadas pelo conhecimento da gramática e do vocabulário. São as matérias defensivas do concurso, isto é, pune-se o erro muito mais do que se premia o acerto. Nesse caso, o objetivo do candidato, ao escrever nas provas de línguas, deve ser o de minimizar os erros (evitar penalizações), e não demonstrar erudição ou conhecimentos superiores (tentar impressionar).
• As matérias discursivas, que são, por sua vez, subdivididas em dois grupos: 1) aquelas que estão sempre em movimento, como Política Internacional e Geografia, que exigem, além do conhecimento da linguagem técnica e do conteúdo, o acompanhamento das atualidades dos temas que as compõem; e as demais (História do Brasil, Direito e Economia). Todas elas, por sua vez, requerem do candidato o domínio do conteúdo programático, bem como a capacidade de demonstrar elevada capacidade analítica e de redação de um texto persuasivo, bem estruturado, interessante e original. São matérias argumentativas, ou seja, o examinador avaliará seu texto com base no nível acadêmico, intelectual e formal que você consegue demonstrar. Portanto, sai beneficiado o candidato que consegue atender os quesitos propostos no enunciado da questão e o faz com alto nível de proficiência argumentativa;
• História Mundial, que é uma matéria cobrada apenas na fase objetiva, sendo preferível, portanto, que o candidato dedique mais tempo à absorção de dados e informações do que à elaboração de textos que tratem dos temas da matéria.

No caso dos idiomas, nada de perder tempo estudando vocabulário pelo Netflix! De acordo com o princípio da especificidade, o conteúdo é absorvido melhor por meio da prática de atividades análogas à situação de prova, isto é, aprende-se vocabulário fazendo redações, escrevendo versões e parafraseando textos (resumos). O estudo da gramática normativa — requisito para a boa escrita — tampouco deve ser relegado a segundo plano.

As matérias em movimento, por sua vez, pedem que o candidato inclua em seu plano de estudos o hábito de acompanhar alguns periódicos especializados. Mas sem exagero, por favor! O peso das atualidades no concurso é menor do que estamos acostumados a pensar.

As matérias mais técnicas, como Economia e Direito, merecem ser tratadas com respeito. Use a linguagem técnica apropriada e pertinente à matéria, mas com a preocupação de não soar pedante.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

O programa de mentoria individual é um trabalho de corpo-a-corpo que prevê reuniões entre você e um(a) diplomata de carreira, que trabalhará aspectos relacionados ao planejamento, organização, seleção bibliográfica, método e técnicas de estudos.

Você recebe a orientação personalizada de alguém que encontrou as soluções para os desafios que você quer superar.

O principal benefício será a construção de um plano realista e concreto de aprovação, bem como as orientações personalizadas de como melhorar sua capacidade de influenciar a banca examinadora, assimilar as competências linguísticas cobradas no exame, dominar o conteúdo cobrado e desenvolver sua própria narrativa dos temas estudados.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Saiba mais

Olha, é bem puxado. Para a minha turma (2020-2021) a situação foi crítica por estarmos no meio da pandemia. Muitos trabalhos, apresentações uma atrás da outra. Diferentemente de quando estamos estudando para o concurso, no curso, não temos controle sobre o que estudaremos e quando. Além disso, somos instigados a não apenas produzir pesquisas de maior fôlego, mas também a exercitar a oratória, o que pode ser bem cansativo num primeiro momento (depois, você acostuma). Fora o fato de que há uma expectativa natural de começar o trabalho efetivamente no Ministério, aumentando mais ainda a ansiedade. Mas passa :)

Bruna Veríssimo

São muitas e variam de ano a ano: Política Internacional, Economia, Direito Internacional, Linguagem Diplomática e 4 idiomas são muito tradicionais. Em geral, são as matérias do concurso, mas com foco mais profissionalizante. Há também outras disciplinas mais específicas, como Promoção Comercial. O quarto idioma estrangeiro é bem interessante. O aluno do Rio Branco pode escolher entre árabe, chinês e russo.

Jonas Marinho

Sim. O diplomata ganha o salário integral de terceiro-secretário durante o curso de formação.

Jonas Marinho

Depende da turma. Na minha turma, o estágio correspondeu a um mês trabalhando integralmente em uma divisão, exatamente no período de transição entre os semestres. Na turma de 2020-21, foram três meses trabalhando em uma divisão diferente por mês, mas apenas no período da tarde.

Jonas Marinho

Cada professor decide a melhor forma de avaliar. Alguns dão uma prova discursiva comum, outros cobram trabalho, trabalho + apresentação, só apresentação, série de papers... De qualquer forma, sua colocação influencia apenas a escolha da primeira lotação. O resto da sua carreira é totalmente por sua conta (ainda bem 🙂)

Bruna Veríssimo

Se você for reprovado(a) em alguma matéria do IRBr, terá a oportunidade de cursá-la novamente, no próximo curso. Caso não passe de novo, não concluirá o curso de formação e, portanto, deixará de ser diplomata. É meio "scary", mas já aviso que é bem difícil. Dá uma olhada no artigo 15 da Portaria 961, de 04 de outubro de 2019. 

Bruna Veríssimo

Eu não tenho 🤣 brincadeiras à parte, em tese, todos os diplomatas têm direito à residência funcional. No entanto, o oferecimento dos imóveis respeita uma fila, que pode andar mais rápido ou mais devagar a depender da conjuntura. Na minha turma, por exemplo, em função da pandemia, apenas os colegas com filhos (têm prioridade) conseguiriam o funcional.

Bruna Veríssimo

A primeira lotação é escolha dos diplomatas recém-egressos, dentro da lista fornecida pela Secretaria de Estado. Ao final do curso, há uma ordem de classificação que considera a média ponderada das notas do Instituto Rio Branco (peso de 75%) e a nota obtida no CACD (peso de 25%). O primeiro lugar pode escolher entre todas as opções, o segundo, todas menos a do primeiro, e assim sucessivamente até o último colocado, que fica com a lotação não escolhida pelos colegas.

Jonas Marinho

As áreas nas quais um diplomata pode trabalhar em Brasília são muito numerosas para serem descritas aqui, mas podem ser (muito) resumidamente descritas por 'temáticas', circunscritas a um tema específico (ex. agronegócio), 'geográficas', circunscritas a uma região do globo (ex. Sudeste Asiático) ou 'administrativas', referentes ao dia-a-dia da administração do órgão. Há ainda outras que não se enquadram exatamente nesse arranjo, como o Cerimonial ou divisões ligadas diretamente ao Gabinete.

O organograma do MRE está disponível publicamente. Clique aqui para acessar.

 Alexandre Alvim

Nos primeiros anos, você tem que servir em Brasília, porque o curso de formação é realizado no Instituto Rio Branco. Eu cogitaria servir no Escritório Regional da minha cidade natal caso minha família estivesse passando alguma situação extrema de saúde, por exemplo. Não saberia descrever muito a rotina de trabalho nos escritórios, acredito que em geral eles prestam apoio consular e cerimonial.

Clarissa Machado

Quando se fala das funções dos diplomatas, seja no Brasil ou no exterior, tradicionalmente nos referíamos à tríade “informar, negociar e representar”, mas eu acrescentaria uma quarta que é “assistir” como verbo transitivo direto. No contexto da pandemia, o serviço prestado em assistência aos brasileiros retidos no exterior mostrou-se uma vertente fundamental do nosso trabalho. Em termos de carreira, um diplomata pode indistintamente servir em Consulados, Embaixadas ou Missões, não há uma especialização nesse sentido.

Clarissa Machado

Perfeitamente! É o meu caso, há um ano e meio mais ou menos estou servindo no Ministério da Economia. A visão que você ganha da Esplanada e do próprio Itamaraty é muito enriquecedora.

Clarissa Machado

O processo de remoção é regulado por documento específico. As regras podem mudar de um processo para outro. O diplomata indica os postos de sua preferência e a Administração avalia a possibilidade de enviá-lo a um desses postos. Para a primeira remoção, o diplomata deve ficar pelo menos 2 anos na Secretaria de Estado para postos C e D, 3 anos para postos B e 4 anos para postos A. O curso de formação do Instituto Rio Branco não é contabilizado nesse tempo.

Jonas Marinho

Sim, é possível, desde que também coincida com o interesse da Administração. Naturalmente, isso vai envolver um diálogo prévio com várias partes: a chefia de onde está trabalhando; a chefia da área para a qual quer ser lotado; e  com a Divisão do Pessoal, que representa administrativamente o Ministério. Para que ocorra, é necessário que  estejam de acordo, e isso envolve que as respectivas divisões mantenham-se dentro de um mínimo e máximo de lotação.

Alexandre Alvim

Uma embaixada lida com os temas referentes às relações entre dois Estados, incluindo, mas não se restringindo,  representação, negociação e diálogo em nível oficial para assuntos de natureza diversa.

Um consulado trata das relações entre o Estado e o povo, especialmente (mas não somente) seus respectivos nacionais expatriados, e oferece uma série de serviços de natureza cartorial ao cidadão, como atestados de diversas naturezas, procurações, provas de vida, bem como emissão de vistos e passaportes, e podendo também atuar como ponte com a comunidade local.

Já as missões são representações específicas junto a órgãos multilaterais, como a ONU, OMC ou União Europeia, e são responsáveis pela interlocução direta com esses entes.

Cada país possui tem apenas uma embaixada em cada nação com as quais tem relação, (quase) sempre na capital local, mas não há limites para o número de consulados.

Alexandre Alvim

Grosso modo, as repartições em localidades ao redor do mundo são classificadas de acordo com determinadas características, como sua importância para a política externa do país acreditado, qualidade de vida, segurança, distância da sede, etc. Critérios semelhantes são utilizados por (quase) todas as chancelarias, e o Brasil as agrupa em diferentes categorias, no caso, de A a D. Exemplos de Postos "A" incluem embaixadas em capitais de grande influência no mundo desenvolvido, como Washington e Paris, e exemplos de Postos "D" incluem Vice-Consulados em região de fronteira ou embaixadas em países afetados por conflitos ou desastres naturais, como Lethem e Porto Príncipe. Um mesmo país pode conter repartições de grupos diferentes, visto que embaixadas costumam ter proeminência sobre consulados em termos de prestígio. Tóquio (B) e Hamamatsu (C) são um exemplo.

Alexandre Alvim

Isso pode variar razoavelmente de Posto para Posto, visto que nem todas as embaixadas e consulados são iguais: as prioridades variam de acordo com a localidade, bem como a respectiva distribuição de cargos. Uma Embaixada certamente vai ter, além do Embaixador, um Setor Comercial (SECOM, responsável pela interlocução econômica), um Setor Administrativo, áreas ligadas à interlocução política e, em países onde seja a única representação, também um Setor Consular, os quais demandam chefias caso exista pessoal disponível.

Um consulado quase certamente vai ter cargos referentes a administração, emissão de documentos cartoriais, de viagens ou de relação com a comunidade (assistência), mas pode até mesmo ter um SECOM. Ou seja, não é algo necessariamente uniforme ou mesmo fixo, já que novas chefias podem criar ou extinguir frentes de atuação - e por conseguinte, também funções.

Alexandre Alvim

Em certos Postos dos grupos C e D, significa ao diplomata assumir cargo hierarquicamente superior ao seu - uma ou duas classes - usualmente com fins de exercício de chefia. Só é possível em caso de claro de lotação, ou seja, se não houver diplomata ocupando a vaga a ser comissionada. Essa modalidade é regulada pela Lei 11.440 e pela Portaria 338/2021.

Alexandre Alvim

Regra geral:

- 3 anos em postos A e B;

- 2 anos em postos C e D.

Outras variações podem ocorrer se o servidor estiver em missão transitória ou eventual, casos em que ele pode ir ao posto para alguns dias ou meses de missão (ou mesmo um ano), dependendo do trabalho a ser realizado.

Regra geral também, o tempo máximo de exterior é de 10 anos, fazendo rodízio de postos. Depois disso, é obrigatório o retorno para Brasília, até completar o tempo para sair novamente, se for o caso.

Raquel Naili

Pode.

Na verdade, as percepções gerais são as de que o diplomata é obrigado a servir em determinado posto ou passar por todos os tipos de países, mas essa é uma impressão equivocada.

Em linhas gerais, a cada plano de remoção publicado, por portaria, duas vezes por ano, são anunciadas as vagas disponíveis para cada classe de diplomata e em cada posto.

O diplomata, então, se inscreve no plano e pleiteia sua vaga.

As regras do plano variam de tempos em tempos.

Um ajuste comum é a possibilidade de solicitar 3 postos de sua escolha e a divisão de pessoal te oferece mais 3 opções. Você envia, então, sua lista de 6 postos em ordem de preferência.

Posteriormente, é publicada nova portaria com o resultado do plano.

Você pode ter conseguido ocupar tanto a sua primeira opção, como a última.    

Se você não gostou da opção publicada e está em Brasília, você pode:

1. a) desistir do plano e tentar novamente no próximo semestre;
2. b) tentar a repescagem (nova lista de postos com vagas não ocupadas é oferecida e você poderá pleitear uma delas).

Se você, no entanto, está no exterior e não quer aceitar o posto oferecido, não há possibilidade de desistir do plano e permanecer no posto em que está. Suas opções seriam:

1. a) voltar para Brasília;
2. b) tentar a repescagem e, se não ficar satisfeito, é obrigatório que volte para Brasília.  

Veja que não é tão dramático, tampouco é garantia de felicidade.

A imprevisibilidade é um fator presente.

E o que você pode fazer, para tornar esse momento mais confortável?

Planejar com antecedência, estar atento às futuras vagas; mas, acima de tudo, estar receptivo a propostas, desvios de planos e surpresas!

Raquel Naili

Na prática, funcionam como na teoria.

As regras estão previstas nas Convenções de Viena de Relações Diplomáticas (para Embaixadas) e de Relações Consulares (para Consulados de carreira, não honorários).

O que é importante apreender das referidas convenções é o objetivo principal desses acordos: garantir às missões o desempenho de seus trabalhos.

Privilégios e Imunidades não são para benefício de indivíduos, mas das boas relações entre Estados soberanos.

Com isso em mente, você consegue compreender como e porque existem aqueles princípios.

Se é garantida a inviolabilidade da missão, das correspondências, é para garantir a livre comunicação do governo com seus postos; de maneira livre e independente de pressões políticas.

Se há isenção de alguns impostos e taxas, é porque constituem os meios necessários ao funcionamento da missão.

Energia, comunicações, combustível, compra de veículos... esses são, no geral, os impostos dos quais diplomatas e missões podem ser isentos.

No entanto, um dos princípios basilares das CVRD e CVRC é a reciprocidade.

Por exemplo, se um país não concede isenção de impostos a outro, seus postos e servidores também não usufruirão desses privilégios no exterior.

Ademais, muitos têm curiosidade sobre crimes e contravenções.

Há a ideia de que, por ser o diplomata inviolável e por possuir imunidade de jurisdição, ele pode fazer o que quiser.   

Lembrem-se do intuito do acordo: o objetivo é garantir a liberdade para o trabalho eficiente e evitar perseguição política.  

Assim, a imunidade da qual usufrui o diplomata não é dele, mas do país acreditante.

Se ele comete um crime, duas coisas podem acontecer:

1. a) O país acreditante renuncia à imunidade e ele responde por seus atos no país em que cometeu a infração;
2. b) O país acreditante chama o diplomata de volta e ele responde pelo crime no seu país de origem.

Muita matéria jurídica para ser discutida neste tema.

Mas, respondendo à sua pergunta de maneira bem objetiva: na prática, diplomata paga as multas sim.

Raquel Naili

São modalidades de exercício no exterior, reguladas pela lei nº 5.809/72. Missões permanentes são as remoções ordinárias, nas quais o diplomata serve em determinado Posto até um limite determinado de anos (3 para Postos do Grupo A e B, 4 para C e D). Missões transitórias são temporárias, e usualmente não envolvem mudança de sede, podendo durar até o máximo de um ano (na prática, costuma ser bem menos); quando efetivamente envolvem mudança de sede, podem durar até dois anos. E missões eventuais nunca envolvem mudança de sede, e é limitada a 90 dias. Por fim, as retribuições variam de acordo com a natureza de cada missão.

Alexandre Alvim

Diria que tem de ser uma situação muito grave para que seja autorizado o retorno de algum servidor.

Veja bem: as regras são publicadas antes, você sabe o tempo que tem de ficar no exterior, para onde você vai, quanto vai ganhar, com quem vai trabalhar, sabe que está a serviço. É gasto dinheiro público para remover você e seus dependentes. Você não vai fazer intercâmbio, você vai trabalhar. O Brasil acredita você como membro do serviço diplomático junto àquele país. Você é um representante do governo e não pode, simplesmente, alegar que não se adaptou.

Muita gente da carreira, de fato, não se adapta, não gosta e é infeliz em muito posto.

Não só pelo país, mas às vezes pelos colegas, pelo tipo de trabalho, pela situação pessoal.

E essas intercorrências podem acontecer em qualquer lugar, estando você em Paris ou em uma cidade pequena e distante.

Para evitar isso, recomendaria fazer seu dever de casa: pesquise sobre o país, o clima, as pessoas, o câmbio, a cultura, a língua, o estilo de vida. Converse com colegas que já serviram lá e, acima de tudo, converse com seu parceiro, sua esposa, sua família, seus filhos. Vai por mim, o apoio familiar é das vertentes mais importantes para a sua felicidade no posto.  

Um último ponto que não deixaria de considerar: sua saúde mental. Viver no exterior não é fácil, mesmo em Nova Iorque.

Só saia do Brasil se estiver com a cabeça em dia, tranquila.

Procurar respostas mudando de localização geográfica não é a solução para nossas inquietudes. Está tudo dentro de nós - e tem de estar funcionando direitinho para a gente ser feliz e se adaptar em qualquer lugar!

Raquel Naili

Obrigado não é, mas se você não tiver tempo de serviço no exterior, não vai progredir na carreira.

Clarissa Machado

Nesses países, a experiência impõe alguma forma de carestia, seja para a aquisição de bens, seja para a vida social. Em Bagdá, por exemplo, a chancelaria e a residência dos diplomatas funcionam juntas numa espécie de  'bunker', e a falta de segurança recomenda que não se deva movimentar muito pela cidade. Em certas capitais de países africanos, não apenas o comércio será limitado, mas também as opções de tratamento pela falta de estrutura, e casos de saúde mais delicados precisam ser tratados fora dali. A criminalidade também pode ser uma questão premente fora de certas "ilhas de segurança". De qualquer forma, isso não descreve a realidade todos os Postos 'D', já que mesmo dentro desse grupo há considerável variação na qualidade de vida.

Alexandre Alvim

Os cargos da carreira diplomática são relativamente padronizados, com base na Convenção de Viena de 1961. No Brasil, do cargo mais alto ao mais baixo: Ministro de Primeira Classe (MPC, Embaixador); Ministro de Segunda Classe (MSC, Ministro); Conselheiro (C ou CONS); Primeiro-Secretário (PS), Segundo-Secretário (SS) e Terceiro-Secretário (TS).

De forma resumida: à medida que você ascende, aumentam as possibilidades de atuação: chefias e coordenações mais altas vão se restringindo. Certos postos exigem que você seja SS, PS, CONS e por aí vai...

Bruno Rolim

Primeiramente, cenário apenas hipotético e seguindo dispositivos legais (Lei 11.440): é necessário três anos dentro de uma classe para promoção à seguinte (Art. 53, caput), podendo haver redução do interstício com serviço em postos D. No papel, seria possível chegar em 15 anos. Na prática, não vai acontecer, nem perto disso.

Agora, à realidade: promoção de TS para SS é automática, por antiguidade (dias de exercício no cargo - caso você tenha faltas não justificadas, perderá dias em relação a colegas de sua turma), e hoje o tempo necessário se estima em quatro a cinco anos (chegou a oito, quase nove, em meados da década passada).

As promoções seguintes dependem de um misto de cumprimento de requisitos, que incluem tempo de serviço total, no exterior, cursos e um mecanismo que envolve a entrada em um quadro de acesso e da votação para promoção. Hoje, o cenário para promoção dos SS para PS (e PS para CONS) não é auspicioso: há excesso de diplomatas em cada classe, com limitações fáticas para ascensão. Dentro do quadro atual, eu acho muito improvável que alguém que entre em 2021 chegue a MPC (embaixador) em menos de 30 anos.

Bruno Rolim

A promoção a Segundo-Secretário é a única baseada exclusivamente na antiguidade, todas as demais (Primeiro-Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe) são por merecimento e exigem o cumprimento de certos requisitos, como tempo de serviço no exterior e realização de cursos específicos (e só para deixar claro: cumprir os requisitos é uma exigência, não é uma garantia de promoção). A promoção para Primeiro Secretário, por exemplo, exige a realização do Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD) e dois anos de serviço no exterior. Para chegar ao topo da carreira (MPC), são necessários, no mínimo, 20 anos de carreira, sendo dez deles pelo menos de serviços prestados no exterior, além de experiência em funções de chefia. O art. 51 da Lei do Serviço Exterior detalha os requisitos para promoção em cada classe.

Clarissa Machado

O CAD, ofertado pelo Instituto Rio Branco, busca aprofundar e atualizar conhecimentos para Segundos-Secretários, sendo requisito para progressão a Primeiro-Secretário. É mais curto que o Curso de Formação, mas mais complexo (previsivelmente), havendo avaliação em cada disciplina por um corpo de professores.

Bruno Rolim

O Curso de Altos Estudos (CAE) é requisito para promoção de Conselheira(o)s a Ministra(o)s de Segunda Classe (e também para a possibilidade de comissionamento, em caráter excepcional, como chefes de postos "D"). O curso é realizado pelo Instituto Rio Branco e exige a defesa de uma tese propositiva sobre tema de relevância para a diplomacia brasileira. Alguns instrumentos da nossa política externa, como a ZOPACAS, por exemplo, tiveram origem em teses de CAE.

Clarissa Machado

É comum haver cursos de aperfeiçoamento na trajetória do diplomata. No momento, eu faço um curso na academia diplomática do Chile, por exemplo. Tudo dependerá de sua área de atuação, da possibilidade de conciliar com as atividades regulares (no momento, os cursos ainda ocorrem no formato virtual), entre outros fatores de conveniência e oportunidade.

Bruno Rolim

Sim. É perfeitamente possível conciliar as duas coisas. Obviamente, haverá um esforço para tornar possível essa conciliação.

Como regra geral, não há benefícios funcionais ou de progressão na carreira para diplomatas que tenham um doutorado ou mestrado, além do enriquecimento do curriculum.

É inegável, contudo, que para algumas funções o conhecimento técnico e uma formação acadêmica de alto nível serão levadas em consideração. Um diplomata com doutorado em temas relacionados ao Meio Ambiente teria, ao menos em tese, boas chances de conseguir uma lotação na área responsável pelo assunto dentro do Ministério (ou até fora dele).

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Condecorações podem ser do nosso governo (no nosso caso, sobretudo a Ordem de Rio Branco) ou de outros países. Receber uma condecoração passa pelo reconhecimento da relevância de seu trabalho, grosso modo. Não há fórmula exata para ser condecorado, mas um trabalho feito com esmero e esforço contínuo tende a ser premiado.

Bruno Rolim

Se entendemos por política a capacidade de influenciar seu pares ou a dependência da vontade dos superiores para você ser promovido, sim. É sempre requisito para as promoções (a partir de segundo secretário o critério subjetivo do mérito), avaliado por meio de sucessivas câmaras de avaliação dos diplomatas por seus pares e superiores para, por último, competir ao chanceler a decisão pela promoção. Nesse processo, é comum que se peça aos pares e superiores que apoiem sua candidatura ao nível seguinte da carreira.

O critério de antiguidade, embora faça parte dos requisitos para pleitear as promoções, não é, diferentemente das carreiras nas Forças Armadas, determinante (apenas relevante) na ascensão profissional do diplomata.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Antiguidade é exatamente o que diz o termo: quem foi admitido antes no MRE tendo em conta a data da posse, e isso se determina pela classificação no CACD. Para a primeira promoção, de Terceiro para Segundo-Secretário, é determinante. A partir daí, passa a ser um pouco menos, já que a promoção se dá por merecimento. Contudo, em termos práticos, continua sendo importante, já que, ao longo do tempo, os diplomatas mais antigos em cada classe sobem progressivamente na lista de promoção, ficando cada vez mais em evidência. O corolário disso é que acabam sendo eventualmente promovidos em algum momento.

Alexandre Alvim

Quadro de Acesso é o procedimento semestral previsto no Decreto nº 6.559, de 8 de setembro de 2008, pelo qual diplomatas das classes de Ministro de Segunda Classe, Conselheiro, Primeiro-Secretário e Segundo-Secretário do quadro ordinário são escolhidos como candidatos à promoção por merecimento. A escolha dos nomes é realizada, em última instância, pela Comissão de Promoções. É composto por 1/4 (um quarto) dos diplomatas de cada classe em 1º de janeiro ou 1º de julho, ou seja, imediatamente após a efetivação das promoções do semestre anterior.

Para que sejam definidos aqueles que efetivamente entrarão no Quadro de Acesso, há primeiro uma votação eletrônica em em nível "horizontal" (mesmo grau hierárquico) e "vertical" (chefias). Posteriormente, os apontados nessa fase serão submetidos às "Câmaras de Avaliação", compostas de diplomatas mais graduados em três níveis distintos. O último nível dessas câmeras é chamado de "Comissão de Promoções", a qual é integrada pela alta chefia da Casa.

Alexandre Alvim

Todo mundo pode discordar de tudo e de qualquer coisa. O problema é se pode ou não fazê-lo publicamente. O que é previsto na Lei 11.440/06 é que o diplomata deve "solicitar, previamente, anuência da autoridade competente, na forma regulamentar, para manifestar-se publicamente sobre matéria relacionada com a formulação e execução da política exterior do Brasil."

Obviamente, por se tratar de carreira de forte componente político, quem confronta abertamente a política presidencial não se ilude à espera de recompensas e assume conscientemente o risco de possíveis implicações funcionais do descumprimento desse dispositivo legal.

A ONU tem processos de seleção próprios, que independem do Itamaraty - atualmente, é possível obter informações em https://careers.un.org. Quanto à diferença aludida, a rigor, se o diplomata for nascido no Brasil, ele será brasileiro e da ONU, não? Mas há diferenças entre um diplomata a serviço do Brasil junto à ONU e um diplomata a serviço da ONU, a mais evidente delas o fato de que este atuará para a organização como um todo, enquanto aquele atuará na defesa dos interesses do Brasil nos múltiplos debates entre os membros.

Bruno Rolim

Não é velho para começar. Vários colegas têm idade superior a essa no início de carreira. Agora, as perspectivas de ascensão funcional são um tanto mais limitadas, já que muito dificilmente se conseguirá chegar às classes de maior hierarquia, o que não é necessariamente um empecilho incontornável se o que você quer realmente é trabalhar como diplomata.

Jonas Marinho

De forma alguma. Não é necessária nenhuma genialidade, apenas muito estudo e técnicas adequadas de preparação para a prova.

Jonas Marinho

Uma precisão conceitual: entenda-se por fluência a desenvoltura na expressividade em um idioma em uma ou mais de suas modalidades e facetas (passiva e ativa), a saber, oral (fala e audição) e escrita (leitura e produção textual).

Normalmente, associa-se a fluência à capacidade de falar um idioma. Quem fala fluente, fala bem e com naturalidade.

Por outro lado, é perfeitamente possível ser fluente apenas na modalidade escrita. Aliás, são apenas as competências escritas que são cobradas na prova do CACD, não sendo, portanto, considerado seu nível de proficiência na conversação. Por essa razão, não faz sentido começar o estudo dos idiomas com um curso regular de idiomas, digo, de conversação, como tradicionalmente se faz. É preferível, já que a oralidade foi abstraída das provas de idiomas do CACD, estudar por meio de atividades que desenvolvem o conteúdo e as competências linguísticas da maneira exata como elas são exigidas na prova, sempre com vistas a ganhar o máximo de competitividade no menor tempo possível.

Sendo assim, quando alguém de sua família ou amigo perguntar "quantas línguas você tem que falar" para ser diplomata, você pode responder, sem hesitar: nenhuma.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Eu diria que ninguém que passou tinha pleno domínio de todo o conteúdo programático. A verdade é que os que são aprovados são aqueles que demonstram maior competitividade, ou seja, têm bom domínio do conteúdo e sabem se expressar com desenvoltura, segurança e propriedade a respeito dos temas que estudou.

Por essa razão, concomitantemente ao esforço de absorver conteúdo, o candidato que quer realmente ser competitivo dedica tempo à criação de sua versão própria sobre cada tema, no formato de um texto que gostaria de apresentar ao examinador de prova, se tivesse a oportunidade. O CACD é, no fim das contas, um exercício de persuasão e conhecimento. O domínio do conteúdo é apenas uma variável (imprescindível, é verdade) de uma equação mais complexa.

Procure dar o melhor de si a cada dia que passa e é inevitável que, com a passagem do tempo, você terá progredido nos seus objetivos. A disciplina e a aplicação de métodos eficientes sempre trazem bons resultados, contanto que se lhes dê tempo.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Falando a título pessoal: trabalhei durante a integralidade da minha preparação (quatro anos e meio). Você terá menos tempo, então deve ter consciência de que ele será usado da forma mais eficiente possível. Deve usar o máximo de tempo para os estudos, aproveitar cada instante, sem esquecer o limite de sua saúde mental. É perfeitamente possível manter uma rotina de estudos com trabalho - claro que não é fácil, mas se houver foco, concentração e metas realistas, isso pode tornar-se menos penoso.

Bruno Rolim

Sinto-me confiante em dizer que sim, porque foi meu caso. Tenho vários colegas que também passaram sem cursinho. O que determinará sua aprovação, no fim das contas, é o conhecimento que você adquiriu do conteúdo e a maneira como você se expressa sobre os temas que estudou. Tudo isso pode ser conquistado sem os cursos preparatórios.

É verdade que em um ambiente de competição ferrenha, como é o caso do CACD, os cursos podem ser uma arma valiosa, se bem utilizados.

Outros serviços, como a correção personalizada de redações, traduções e questões discursivas, também são extremamente úteis no momento final da preparação. Mas ainda assim, há candidatos que conseguem conquistar a aprovação sem recorrer a esse tipo de ajuda.

Hoje em dia, é mais comum que os aprovados tenham feito pelo menos algum curso. Não acredito, contudo, que isso se deva a um aumento da dificuldade da prova ou da concorrência, mas simplesmente pela ampla oferta de cursos no mercado do CACD na modalidade on-line, alguns a preços bem acessíveis, o que não era uma realidade há 5 ou mais anos.

Não interprete, portanto, o fato de que mais pessoas fazem cursos hoje do que faziam antes como um sintoma de um maior nível de dificuldade da prova atual e, portanto, de uma imprescindibilidade dos cursos preparatório. A correlação não implica causalidade.

Se puder fazer os cursos que lhe interessam, faça. Se não, dê seu melhor a cada dia e, em pouco tempo, começará a colher os bons frutos de sua dedicação.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

O primeiro ponto é entender que, se você tem menos horas disponíveis por dia, esse projeto provavelmente exigirá um tempo maior de preparação no longo prazo. Eu tinha 3 horas por dia nos dias bons, sabia que levar alguns anos nesse caminho... nesse sentido, acho que a estratégia pode ser resumida em uma frase: ache um ritmo confortável e mantenha-se nele. Organize um esquema de estudos que você se sente capaz de sustentar por alguns anos.

Clarissa Machado

É certo que a realidade à nossa volta pode facilitar ou atrapalhar a preparação, mas uma coisa que entendi fazendo terapia e que me ajudou a tomar a decisão de começar a me preparar foi entender que, no fim das contas, nosso maior obstáculo somos nós mesmos. Desejo a gente corre atrás, ou morre com ele. Eu decidi que ia tentar até não poder mais e me tornei uma pessoa mais feliz só de começar a ir na direção do que eu queria.

Clarissa Machado

Em primeiro lugar, tenha em mente que, como você mesmo disse, é um projeto de longo prazo. Não leve em conta relatos de aprovações em prazos curtos, pois são situações particulares. Olhe para o futuro, para onde espera estar, avalie de forma criteriosa sua trajetória até então, perceba seus erros e busque corrigi-los e estabeleça um regime de estudos organizado e realista.

Bruno Rolim

Já que perguntou: eu diria que jamais, por respeito ao pragmatismo.

Tanto um mestrado quanto um doutorado e o CACD são atividades intelectuais complexas, que exigem grande esforço mental, de organização e dedicação praticamente exclusivas.

Você sabe que o CACD é um dos concurso mais concorridos do Brasil, não por causa da relação candidato/vaga, mas da expressiva quantidade de conteúdo e do nível acadêmico, intelectual e linguístico que se exige dos aspirantes.

Abraçar um mestrado ou doutorado sob a excusa de que a tese será sobre tema relacionado com o CACD também consumirá um tempo valioso que será útil apenas para melhorar sua nota em um pequeno conjunto de temas, que podem nem sequer cair na prova!

A decisão de seguir um mestrado ou doutorado deve ser consciente: você sabe que perderá competitividade no CACD no curto prazo, ou até pelo menos quando possa voltar a se dedicar a ele exclusivamente. Tentar fazer os dois ao mesmo tempo é, no fim das contas, fazer ambos mal. Se já é difícil ser aprovado no concurso de diplomata quando aplicamos toda a nossa energia no projeto, imagina se a dissipamos...

Muitos decidem antecipar o mestrado e o doutorado, adiando, assim, os estudos dedicados ao CACD. Ora, se já se sabe que a carreira a seguir é a diplomática, e não a acadêmica, não faria mais sentido inverter a ordem e deixar o mestrado para depois da aprovação?

Quando me fazem essa pergunta, costumo lembrar que todo projeto que fica para depois corre o risco de nunca ser iniciado. É assim com a vida. É assim com o CACD.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Sim. É perfeitamente possível aprender do zero. Na verdade, todo mundo que passou, em algum momento, também era zerado. Eu diria que, abstraída a modalidade oral dos idiomas, que nem é cobrada em prova, um candidato absolutamente zerado precisaria de algo entre 400-900 horas de estudos para se tornar competitivo em um idioma estrangeiro.

A grande variação entre mínimo e máximo se dá por razões óbvias: algumas pessoas tem mais facilidades que outras para aprender línguas; algumas pessoas distribuem as horas ao longo do tempo (mais eficiente), em vez de fazerem sprints; algumas acabam fazendo tarefas e atividades que não desenvolvem as competências específicas da prova, o que lhes agrega menos competividade por hora de estudo; entre outros.

Considerando, portanto, que você estude francês, por exemplo, por uma hora e meia por dia, realizando as atividades corretas, estando bem assessorado e com acesso a um bom material didático, parece razoável supor que, após um ano, você tenha chances de ter um nível razoável no idioma.

Cabe lembrar que os idiomas, dada sua natureza instrumental, ou seja, seu conteúdo não se esgota no edital, devem ser estudados até a aprovação. É errado pensar que você vai deixar de estudar uma língua quando atingir um nível determinado. Você nunca escreverá tão bem ou terá um vocabulário rico o suficiente para prescindir dos estudos.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Você ficará limitado enquanto acreditar que há limites para sua capacidade de se superar e de enfrentar desafios, mais do que pela sua situação financeira. Há muito que se pode fazer sozinho antes de que surja uma necessidade real de se recorrer a uma aula ou a um serviço especializado.

Conheço dezenas de diplomatas de condições financeiras distantes das ideiais, mas que, com dedicação, esforço, um projeto inteligente e um pouco mais de tempo, conquistaram a vaga.

Um traço comum que vejo nos colegas diplomatas é a competência de aprender sozinho, de ter autonomia na forma como buscam, filtram e digerem e reproduzem informação. Qualquer candidato — independentemente de sua condição financeira — estará sempre limitado pela sua capacidade de aprender sozinho, muito mais do que pelos recursos de que dispõe. Se você não tem características de autodidata, trate imediatamente de começar a desenvolvê-las. Eu diria inclusive que quem não tem a capacidade de aprender sozinho não tem preparo intelectual para se tornar diplomata.

Ela é, portanto, o requisito mais importante para quem quer alcançar a aprovação. Combine-a com a aplicação disciplinada de um bom método e você verá que é muito mais forte do que acreditava.

Como, afinal, tornar-se autodidata? Primeiramente, dedique mais tempo a leituras e tente aplicar um amplo repertório de técnicas de estudo. Para começar, recomendo os fichamentos baseados nas anotações de Cornell; os mapas mentais; resuma capítulos e aplique uma técnica chamada SQ3R.

Infelizmente, sem o conhecimento de um bom repertório de técnicas você acreditará que todo o conhecimento está de posse dos professores ou contidos nas aulas, o que está longe de ser verdade.

Aprender a estudar sozinho é, portanto, um requisito inclusive para aqueles quem têm acesso a cursos preparatórios, caso contrário, as aulas assistidas seriam apenas uma massa amorfa de dados sem qualquer utilidade prática para o aluno. É o esforço solitário que dará forma àquele conteúdo, que será moldado de maneira a exprimir a narrativa pessoal do candidato acerca dos temas estudados, que é o produto final de seus estudos, ou melhor, é o que a banca examinadora avalia, no fim das contas.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Não há nenhuma limitação oficial. Há diplomatas mais tradicionalistas que não as apreciam, mas há diversos colegas que possuem tatuagens. Ao menos no caso masculino, a vestimenta do dia-a-dia (no caso, terno) já tende a cobrir os locais mais evidentes. Mas quanto à deixá-la em evidência ou não, diria que pertence mais à questão do bom-senso e da ocasião que qualquer outra coisa.

Alexandre Alvim

Olha, nesse aspecto, a carreira é um microcosmo do que é o Brasil. Os obstáculos não são intransponíveis, mas existem.

Clarissa Machado

Recomendamos assistir aos seguintes vídeos, que falam sobre as mulheres na diplomacia e sobre a primeira mulher diplomata, a Maria José de Castro Rebello Mendes.

O edital do PAA costuma ser publicado no site do Instituto Rio Branco (http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/programa-de-acao-afirmativa). As cotas seguem o disposto na Lei 12.990/2014 (reserva de 20% das vagas para pretos e pardos).

Clarissa Machado

Você já partiu na frente da maioria da concorrência: já sabe a carreira que quer seguir desde a faculdade. Parabéns.

O que eu faria no seu lugar é investir o máximo de tempo que minha rotina permitisse no estudo dos idiomas estrangeiros, que normalmente mais se demora para desenvolver. A não basta pensar em fazer intercâmbio ou coisas do tipo: concentre-se nas habilidades escritas: ler, resumir, escrever redações, traduções, aprender a gramática e enriquecer seu vocabulário.

Se sobrar tempo, leia também livros de História do Brasil e História Mundial e cultive o interesse pelos temas globais e atuais. Se puder, acompanhe periódicos e leia artigos especializados da área de relações internacionais. Procure entender da Geografia do Brasil e conhecer os programas públicos em matéria de gestão de meio ambiente, recursos hídricos, defesa, gestão das cidades e do campo, energia, logística, etc. Um pouco de noções de literatura brasileira e conhecimento dos pensadores do Brasil também seria bastante pertinente nesse momento de sua vida.

Esse é o tipo de conhecimento que precisa de tempo para maturar. Desperte essa curiosidade desde já.

Em minha opinião, matérias mais técnicas, como Direito e Economia, podem esperar o momento em que você vai precisar se dedicar exclusivamente aos estudos para a prova.

Aproveite e assista ao vídeo especial que gravei com dicas voltadas especificamente a quem ainda está na universidade e já decidiu seguir a carreira diplomática.

Marcílio Falcão

@falcao.marcilio

Dicas para Universitários

Acho que isso é muito subjetivo: as mudanças a cada três anos podem ser uma bênção para alguns e um estorvo para outros; a necessidade de ter habilidades políticas para ascender na carreira pode ser um jogo interessantíssimo para alguns e desesperador para quem tem perfil mais "cartesiano"; a falta de previsibilidade em muitas ocasiões pode ser justamente o que torna a carreira interessante para alguns e ser verdadeiro tormento para outros...

Clarissa Machado